O Oscar deveria ir para a empatia, o autocontrole e o respeito… mas não foi!

A cerimônia de entrega do Oscar 2022, o grande prêmio do cinema mundial, é sempre cercada de glamour e celebridades e acompanhada por milhões de pessoas no mundo todo, seja pela TV, seja pela Internet. Trata-se da grande festa da indústria cinematográfica.

Porém, na edição desse ano, nem tudo foi motivo para comemoração. As estatuetas, os filmes vencedores e os profissionais que se destacaram para colocar na “telona” histórias fascinantes, de ficção ou não, ficaram em segundo plano, após um triste episódio de constrangimento verbal e violência física.

Em dado momento da cerimônia, o humorista Chris Rock subiu ao palco para entregar o troféu de Melhor Documentário e resolveu fazer uma piada envolvendo a atriz Jada Pinkett Smith, esposa do também ator Will Smith. Ambos estavam na plateia, já que o ator estava concorrendo ao prêmio de Melhor Ator (e venceu), no filme King Richard: Criando Campeãs.

A piada, de muito mal gosto, fez uma alusão ao fato de Jada estar com a cabeça raspada. Acontece que estar careca não foi uma opção estética por parte da atriz, mas sim, uma necessidade devido a uma doença autoimune, a alopecia areata, que provoca a queda dos cabelos e pelos de todo o corpo, sobre a qual ela já havia se manifestado em ocasiões e programas anteriores, ou seja, se tratava de um assunto conhecido do público em geral. Jada ficou visivelmente constrangida, e Smith se dirigiu ao palco e desferiu um tapa no rosto do comediante.

Imagina o “climão” que se instaurou no Dolby Theatre, em Los Angeles. O público presente e as pessoas que assistiam a transmissão ficaram na dúvida se aquilo fazia parte do show ou não. Infelizmente, não era encenação. Tratava-se mesmo de ausência de empatia, de compaixão, de respeito e de autocontrole, competências que a educação socioemocional pode e deve trabalhar com as crianças desde a mais tenra idade, nas famílias e nas escolas.

Não é o caso, também, de se iniciar um julgamento no qual o veredicto é dispensável. Quem errou mais ou errou menos. O comediante tem ou não o direito de usar as características físicas de outras pessoas para fazer piadas. O tapa serviu para defender uma pessoa de ofensas. Há argumentos para todos os gostos, mas cabe uma reflexão.

O que era para ser uma “brincadeira” engraçada com a aparência física de Jada Pinkett Smith, na realidade, se configurou como bullying. Faltou empatia por parte de Chris Rock para entender o que poderia significar para a autoestima de uma pessoa, principalmente de uma mulher, ficar sem os cabelos. Também se esqueceu da compaixão não apenas para com a atriz, mas para com todos que sofrem de alopecia.

Já para Will Smith, o autocontrole não entrou em cena e sua agressão pode ser considerada até um ato de covardia, pois Chris Rock não esperava por aquele tapa e não teve chance de se defender.

E os dois protagonistas realmente não decoraram direito o papel que o respeito deve ter em todas as circunstâncias da vida. Faltou respeito com o público presente, com o grande evento que é a entrega do Oscar e, o mais importante, com o ser humano: a atriz que foi agredida com palavras que repercutiram também em sua família (daí a reação), o outro agredido com um tapa e todos que estavam assistindo, agredidos com as cenas de violência verbal e física. Um show de horror lamentável.

O desdobramento desses atos estão sendo amplamente divulgados pela mídia: pedidos de desculpas, manifestação de desconhecimento da doença, cancelamento da premiação. Mas o estrago já foi feito.

Educação Socioemocional
A vida imita a arte, a arte imita a vida. Infelizmente, atitudes desmedidas como essas dos astros de Hollywood acontecem todos os dias nos palcos da vida real, fora das telinhas e das telonas, mas muitas vezes divulgadas por ambas. Por isso, a importância da educação socioemocional nas escolas, como preconiza a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A Educação Socioemocional é o processo através do qual os alunos aprendem, dentro do currículo escolar, a refletir e, efetivamente, aplicar conhecimentos, atitudes e competências necessárias para a vida em sociedade.

Quantas vezes, na sala de aula ou na hora do intervalo, a “brincadeira” com as peculiaridades físicas ou psicológicas de um aluno se tornaram bullying e, em vez de fazerem rir, causaram sofrimento, frustração, medo, insegurança? E quantas vezes, em resposta a esse bullying, o aluno ridicularizado – ou algum amigo dele – partiu para a agressão física para defender-se, pois enxerga na violência a única solução para a resolução dos problemas? Imagine o “climão” que também se instaura na escola.

Se, quando crianças e adolescentes, os indivíduos não aprendem a lidar com seus sentimentos e com suas emoções, existe a possibilidade de tomarem decisões equivocadas e irresponsáveis ao longo da vida adulta. O bullying de Chris Rock e o tapa do Will Smith foram vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro. Quantas pessoas influenciaram negativamente?

O desenvolvimento das habilidades socioemocionais inicia-se dentro de casa, mas elas também devem ser ensinadas, assimiladas e praticadas na escola, de maneira transdisciplinar e incorporada ao currículo, como prevê a BNCC.

Quando os alunos aprendem e colocam em prática valores como empatia, respeito e autocontrole, entre outros, dificilmente estarão motivados a cometer bullying e outros tipos de violência, como as que aconteceram na cerimônia do Oscar 2022.

Os alunos precisam aprender a identificar e a lidar com seus sentimentos, da mesma forma que aprendem a utilizar as normas gramaticais, as equações matemáticas, as fórmulas de física etc.

Na cerimônia de entrega do Oscar da vida, leva o prêmio quem pratica mais a empatia, quem respeita mais as pessoas e o planeta e quem tem mais autocontrole diante dos desafios que se apresentam. E a sociedade inteira aplaude de pé!

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