A recém-sancionada Lei nº 15.100/2025 restringe o uso de celulares no ambiente escolar e busca prevenir os impactos negativos das telas na aprendizagem e na saúde dos estudantes. No entanto, a medida mantém a permissão para o uso pedagógico dos dispositivos, reconhecendo o papel da tecnologia na educação.
Dentro da maioria das escolas, o uso de ferramentas digitais já faz parte do processo de ensino aprendizagem, seja por meio de aulas de computação e robótica, ou pelo material escolar adaptado. No entanto, para garantir que o processo tecnológico seja bem executado nas instituições de ensino, é necessário que os alunos sejam orientados não só a utilizar essas ferramentas, mas também a aprender a criar tecnologia.
Para isso, é preciso planejamento, aplicações recorrentes e a instrução de profissionais que direcionem o uso desses recursos de maneira coerente com as demandas pedagógicas. Essas atividades incentivarão os estudantes a desenvolverem habilidades como criatividade, comunicação, colaboração e autonomia, o que torna o aprendizado mais significativo e duradouro.
De acordo com a diretora de ensino da FourC Bilingual Academy, Juliana Storniolo, a tecnologia deve ser integrada à aprendizagem de forma ativa, com metodologias inovadoras que vão além do uso passivo. “Quando pensamos em processos para a integração da tecnologia ao aprendizado, é essencial adotar estratégias que tornem o seu uso ativo. A tecnologia não deve ser apenas uma distração ou substituir o ensino. É preciso incorporá-la por meio de metodologias com uma aprendizagem baseada em projetos, programação, pesquisa, pensamento computacional, robótica e codificação”, explica Juliana.
A proibição do uso de celulares em sala de aula levanta um debate importante: a presença do letramento digital. Juliana enfatiza que limitar o uso pessoal dos dispositivos não significa, necessariamente, excluir a tecnologia do ambiente escolar. “O debate sobre o uso de celulares tem sido essencial. A escola tem a responsabilidade de preparar os alunos para o mundo digital, conectando as práticas pedagógicas às tendências globais. A ausência de aparelhos em sala de aula não significa falta de letramento digital, mas sim uma estratégia para garantir um uso mais consciente e estruturado da tecnologia”, diz a diretora de ensino da FourC Bilingual Academy, instituição que tem mais de 15 anos de atuação.
O letramento digital envolve, principalmente, o desenvolvimento do pensamento crítico, permitindo que os alunos possam avaliar informações e distinguir o que é real do que não é no ambiente digital. “O pensamento crítico é a principal competência digital para o futuro. Os alunos precisam aprender a avaliar informações, identificar fake news e distinguir o digital do real. Esse é um grande desafio. O uso da tecnologia deve estar associado à busca por soluções inovadoras. É essencial que os usuários da tecnologia sejam críticos e criativos na resolução de desafios”, destaca Juliana.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça essa necessidade por meio da 5ª Competência, que trata da Cultura Digital, destacando a importância de os estudantes compreenderem, utilizarem e criarem tecnologias digitais de maneira crítica e ética. No entanto, segundo Juliana, esse processo exige formação contínua de professores e diretrizes bem definidas.
“A formação de professores precisa ser contínua para garantir o uso significativo da tecnologia alinhado às metodologias pedagógicas. Na FourC Bilingual Academy, já possuíamos um plano de educação midiática e digital estruturado, permitindo um crescimento progressivo do contato dos alunos com o mundo digital, o que fez com que a nova legislação não impactasse significativamente a nossa abordagem”, afirma.
Além do trabalho pedagógico com os alunos, a parceria com as famílias é essencial para o desenvolvimento de um uso saudável da tecnologia. “A família tem um papel fundamental nesse processo. É essencial que os pais mantenham um diálogo aberto com os filhos, acompanhando e orientando o uso da tecnologia. Apenas liberar o acesso sem acompanhamento não é suficiente, assim como proibir completamente pode ser prejudicial. O equilíbrio é essencial”, destaca Juliana.
O debate sobre o ensino digital estruturado vai além do Brasil e tem sido pauta em grandes convenções internacionais de inovação educacional, como por exemplo SXSW EDU, um dos principais eventos globais sobre tecnologia e educação. Juliana Storniolo participou como mentora na conferência, que abordou tendências como aprendizado híbrido e inteligência artificial.
A diretora da da FourC Bilingual Academy acompanhou trilhas voltadas para inovação curricular, aprendizagem digital e o uso ético da tecnologia no ensino. “Participar desse evento proporciona um olhar aprofundado sobre novas práticas e ferramentas que podem ser implementadas na escola. Além disso, é uma excelente oportunidade para trocar experiências com profissionais de diversas partes do mundo”, finaliza Juliana Storniolo.