“Em uma de nossas conversas, uma aluna trouxe uma vivência relacionada a uma criança perdida na praia. Contou aos colegas que começou a ouvir palmas das pessoas no guarda-sol e ficou curiosa para saber o que estava acontecendo. Perguntou aos seus pais, os quais explicaram que esta é uma tática para ajudar as famílias que perderam seus filhos”.
É dessa maneira que Daniella Coscarelli, professora do 2º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do Colégio Marista Glória, localizado na Zona Central de São Paulo/SP, explica como o tema começou a despertar o interesse dos alunos.
Com isso, nasceu o tema do Projeto de Intervenção Social (PIS), denominado “Crianças desaparecidas: Como evitar que isso aconteça?”. A atividade é uma prática pedagógica Marista que promove o diálogo e o protagonismo, permitindo entender as necessidades humanas e sociais, questioná-las e traçar caminhos para enfrentar as problematizações contemporâneas.
A docente responsável pelo projeto, então, convidou Ivanise Espiridião, presidente da Associação Mães da Sé (na foto com os alunos), para conversar com os pequenos. A instituição sem fins lucrativos atua há 26 anos na busca por crianças e adolescentes desaparecidos. “Foi um momento rico e com muitas trocas, trazendo conhecimentos e cuidados relacionados ao tema trabalhado”, revela Daniella.
As crianças passaram a confeccionar cartazes com frases de conscientização sobre o tema, além de receberem pulseiras de identificação nas quais era possível inserir o nome dos pais e um celular de contato, além de uma cartilha com orientações para evitar que as crianças se percam.
Mais de um terço dos desaparecidos no Brasil são crianças e adolescentes de até 17 anos. Nessa faixa etária, são 30 mil desaparecidos atualmente, segundo registros feitos em delegacias reunidos pelo Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), do Conselho Nacional do Ministério Público. No total, o país tem 84,9 mil pessoas desaparecidas.
“Nosso objetivo foi conscientizar as crianças sobre os cuidados que devemos ter com pessoas estranhas e a quem elas podem recorrer caso haja qualquer necessidade”, reforça a professora.