Segundo uma pesquisa do Google, realizada em parceria com a Educa Insights, 70% dos estudantes brasileiros já têm familiaridade com a Inteligência Artificial (IA) e três em cada 10 alunos já utilizaram tais ferramentas tecnológicas. O estudo mostrou também que, para a maioria dos entrevistados (86%), a IA poderá ser uma aliada na resolução de dúvidas e de problemas.
Nesse contexto, a principal questão que surge é: como o setor educacional consegue lidar com as mudanças? A resposta para a pergunta passa pelo paradoxo entre a sinalização positiva para muitos e um certo desconforto para outros, que temem pelo uso não responsável das ferramentas.
Na Beacon School, escola localizada na zona Oeste de São Paulo, o tema suscitou um processo de formação continuada com os professores em 2023, de modo a considerar aspectos sobre os modelos de IA generativa, como o ChatGPT. Na instituição de ensino, as tecnologias digitais são compreendidas como meio de expressão, de construção e de leitura do mundo, ou seja, elas são vistas como uma linguagem que integra o contexto de multiletramentos.
Vale ressaltar que o uso pedagógico do ChatGPT, por exemplo, requer que o usuário, seja aluno ou professor, saiba usar os prompts de forma eficiente, saiba interpretar e fazer uma leitura crítica do texto gerado, mas, para isso, precisa ter repertório (conhecimento teórico e prático).
A coordenadora de EdTech da Beacon School, Maria Eduarda Menezes, explica que o colégio elaborou um documento norteador para o uso da Inteligência Artificial e que seu uso vai depender das necessidades dos professores, que podem recorrer a ela para facilitar tarefas repetitivas e rotineiras até a preparação de aulas. Neste caso, é importante ressaltar que é preciso ter uma intencionalidade pedagógica e o comprometimento com o processo de aprendizagem do aluno. Para ela, não há possibilidade de não utilizar este tipo de ferramenta, o caminho é incorporá-la de maneira orientada e ética. “O professor não corre o risco de ser substituído até porque máquinas não são sofisticadas a ponto de fazer as análises contextuais, sociais e particulares”, afirma a coordenadora.
Uso responsável das ferramentas
Na Beacon School, a utilização das tecnologias é estruturada de forma articulada ao currículo. Inclusive, há na escola uma área de Tecnologia Educacional, responsável por orientar e apoiar os educadores e os alunos no dia a dia. No currículo de Tecnologia Educacional, há a estruturação das ações da área, tanto nas aulas que integram a grade curricular, como na formação e orientação dos professores. E ele está baseado em quatro pilares: o Letramento Digital, com foco no uso proficiente de programas e aplicativos; a Cidadania Digital, voltada para o uso ético e consequente das tecnologias; Cultura Maker, com o objetivo de buscar soluções “mão na massa”; e, ainda, o Pensamento Computacional, elemento que vem crescendo, em função das mudanças no currículo oficial (BNCC).
A orientação pedagógica pode ser observada na prática. “Nossos alunos têm aulas de EdTech no Ensino Fundamental I, nas quais promovemos o letramento digital, aulas maker, iniciação à programação e a orientação para o uso seguro de dispositivos e ferramentas de interação. No Ensino Fundamental II, as aulas de Design visam ao desenvolvimento de habilidades práticas e criativas para a resolução de problemas e prototipação de soluções viáveis de design, sendo uma disciplina do currículo IB. Os projetos são integrados com os Contextos Globais que estruturam o currículo de forma interdisciplinar”, explica Maria Eduarda.
Amplificação do debate sobre tecnologia educacional
A Política Nacional de Educação Digital (PNED) foi instituída recentemente no Brasil. O texto, que foi sancionado em janeiro de 2023, traz medidas para promover a inclusão digital da população, como um todo. Esse direcionamento contempla quatro eixos estruturantes, sendo eles: inclusão digital da sociedade; educação digital nas escolas; ações de capacitação do mercado de trabalho; incentivo à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento.
Especificamente tratando do eixo “educação digital nas escolas”, ele foi desmembrado em necessidades sociais prementes, passando pelo pensamento computacional, mundo digital, pela cultura digital, pelos direitos digitais e tecnologia assistiva. E em linhas mais gerais, a PNED também trata da necessidade de implementar cursos relacionados a competências digitais.
“A importância da tecnologia educacional é inegável e está sendo discutida e rediscutida tanto no âmbito da educação pública quanto no âmbito da educação privada”, finaliza a educadora.
Sobre a Beacon School
Fundada em 2010, a Beacon School é uma instituição de educação internacional, genuinamente bilíngue, ao mesmo tempo em que valoriza suas raízes brasileiras. A escola tem como diferencial seu projeto pedagógico focado na investigação e nos estímulos à curiosidade, criatividade e autonomia dos alunos. Reconhecida pela International Baccalaureate Organization como IB Continuum School, a Beacon é uma escola brasileira que adota o currículo do Primary Years Program (PYP) para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, Middle Years Program (MYP) para os anos finais do Ensino Fundamental e o Diploma Programme (DP) para o Ensino Médio. Mais informações em www.beaconschool.com.br.